domingo, 20 de fevereiro de 2011

Soneto

Quando as folhas caírem nos caminhos,
Ao sentimentalismo do sol poente,
Nós dois iremos vagarosamente
De braços dados, como dois velhinhos.

E que dirá de nós toda esta gente
Quando passarmos mudos e juntinhos?
- Como se amaram esses coitadinhos!
Como ela vai, como ele vai contente!

E por onde eu passar e tu passares,
Hão de seguir-nos todos os olhares
E debruçar-se as flores nos barrancos...

E por nós na tristeza do sol posto,
Hão de falar as rugas do meu rosto
E hão de falar os teus cabelos brancos!
                           Guilherme de Almeida
"E a beleza do lugar, pra se entender, tem que se achar que a vida não é só isso que se vê. É um pouco mais, que os olhos não conseguem perceber, e as mãos não conseguem tocar, e os pés recusam pisar."
                  Hermínio Bello de Carvalho e Paulinho da Viola